O estupro de vulnerável – um crime perverso cometido contra crianças e adolescentes – lamentavelmente tem se tornado rotina no atendimento da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Mineiros (GO). E quem diz isso é a própria titular da Deam, delegada Edilaine Moreira.
A delegada participou do Programa Plantão Policial, apresentado por Sidney Pereira, e revelou informações bastante inquietantes.
“O que realmente está nos preocupando, que está chamando a atenção da delegacia da mulher, são os casos de abuso sexual envolvendo crianças e adolescentes, principalmente, a forma como estes abusos estão ocorrendo, que estão sendo registrados dentro dos próprios lares destas crianças e adolescentes. Cerca de 90% dos casos acontecem dentro da residência da família e parentes”, revela Edilaine.
Para a delegada, a carência de informações durante a elaboração do inquérito impede que barbáries sejam elucidadas e os criminosos punidos devidamente. Algumas pessoas se sentem envergonhadas ou constrangidas em efetuar denúncias de crimes desta natureza. Esta é a constatação da delegada Edilaine, que lamenta bastante pela a falta de detalhes que recebe destes tipos de delitos.
“Mais vergonhoso e cruel é a família não tomar nenhuma atitude e deixar com que esta criança continue sendo violentada dentro da sua própria casa. Isso é vergonhoso, isso é inaceitável. Normalmente descobrimos estes casos por intermédio de professores, diretores de escolas, que percebem a modificação no comportamento da criança”, afirma a delegada.
A omissão familiar também pode ser punida, dependendo do contexto em que ocorre a situação. “A pessoa que estiver sendo omissa, que possa estar contribuindo para o crime, ela sabe o que está acontecendo. Esta pessoa pode ser enquadrada como ‘criminosa’. Dependendo de sua ação, sim, ela pode ser enquadrada como ‘abusadora de criança’ também”, diz Edilaine.
A delegada pede a sociedade (em especial as famílias) que se rebele contra essa prática monstruosa. “As pessoas precisam denunciar o crime às autoridades públicas”, conclama. Ouça abaixo a entrevista completa com Edilaine Moreira: